Olá, leitores do Ajuda MEI!!
Como vocês estão?
Quando pergunto isso, penso em qual seria a minha resposta à essa mesma pergunta, num dia em que já atendi duas clientes queridíssimas e, enquanto espero os que ainda vêm, olho pela janela do meu Studio e vejo um céu incrivelmente azul, num dia de inverno de temperatura agradabilíssima. Sem pensar duas vezes, eu responderia: “Estou ótima!”
Ok, não estou aqui para parecer ‘a última Coca-Cola da prateleira’ ou a BFF do Pequeno Príncipe, especialmente numa época em que o mundo parece desmoronar lá fora – não sou dessas. Mas, mesmo cansando e me frustrando de vez em quando, me acostumei a não me deixar paralisar pelas crises ou ameaças. Ao contrário, acabo preferindo enxergar os copos sempre ‘meio-cheios’. Me habituei, seja na vida pessoal ou na profissional, a focar nas oportunidades que tantas vezes passam desapercebidas; a buscar, nas coisas simples, respostas para inspiração e assim seguir buscando resolver os problemas que dependem do meu enfrentamento e solução. Acredito fortemente que, desse jeito, nos tornamos mais leves, empáticos e especialmente criativos.
Num período em que o país passa por uma transição política que provoca indignação e discussões acaloradas, em que a economia insiste em não dar sinais de recuperação, em que os números de desempregados e desalentados seguem assustadores, em que epidemias que pareciam erradicadas voltam a fazer parte do noticiário e que a violência não dá trégua, ainda assim, não podemos deixar de acreditar na nossa força criativa e nosso poder de ‘fazimento’, como diria Darcy Ribeiro (1922-1997). Temos de agir!
Então, levemos essa conversa para dentro de nosso ambiente de trabalho. Já falamos aqui no BLOG sobre a paixão necessária para empreender. Falamos sobre o poder e a fragilidade que ele gera. Falamos sobre o papel e a responsabilidade das lideranças. E hoje eu quero falar sobre ‘arregaçar as mangas’ e REALIZAR.
Claro, gente, na vida pessoal, se o momento é de crise, a gente vai se recuperando contando com familiares aqui, amigos ali, um jantarzinho diferente ou um filminho de vez em quando, ou até com uma terapia, quando a grana está mais folgada. Já na vida profissional, não adianta o convite para almoços variados ou vários cafezinhos… não tem tapinha nas costas que confortem a perda de um bom negócio, um bom contrato, um investimento alto, um bom funcionário ou cliente. Ficarmos nos lamentando e cedermos ao pessimismo também não nos leva muito longe. O negócio é levantar a cabeça, sacudir a poeira e, literalmente, dar a volta por cima. Quantas vezes eu fiz isso? Perdi a conta!
Se vocês me perguntarem se tem receita para evitar cair na armadilha que o caos nos apresenta, quase que diariamente, eu diria que não. Mas alguns autores nos ajudam a pensar diferente e arriscar novos meios de encarar desafios e de seguir em frente, lidando com os negócios e forma mais criativa e inovadora. Os últimos que me chamaram atenção foram Joy Ito e Jeff Howe, autores do livro “Disrupção e Inovação – como sobreviver ao futuro incerto” (Alta Books, Rio de Janeiro. 2017). No livro, os autores abordam nove princípios organizadores para líderes e todo tipo de profissionais navegarem e sobreviverem a este “período tumultuado”.
Não vou abordar todos os princípios para não dar spoiler (vale a pena comprar o livro e ler, pessoal!), mas acho que compartilhar a ideia por trás de apenas quatro princípios pode ser uma contribuição bacana que talvez ajude vocês a (re)pensarem suas crenças e atitudes frente à suas vidas ou empresas. Esta semana vamos abordar dois princípios e na próxima, mais dois, combinados? Vamos a eles!
Vou começar apresentando a ideia de “Puxar acima de Empurrar”. Bem, este capítulo trata daquela lição que já ouvimos de alguém ou que lemos em algum lugar… Se você quer atrair mais clientes, se diferenciar e ganhar mercado, não adianta oferecer a eles o que você acha que é bom. Você tem de saber o que eles desejam ou, então, criar uma necessidade que nem eles sabiam ter. Ou seja, ao invés de ‘empurrar’ o seu produto/serviço, a dica é: vai lá, pesquisa, estuda, ouve… e ‘puxa’ do mercado as respostas para então oferecer aquilo que eles vão querer. Para dar certo, é preciso estar inteiro e plenamente atento, desenvolver a curiosidade e ser capaz de responder rapidamente às ameaças e oportunidades que pintarem. Serendipidade (palavra que se refere às descobertas feitas, aparentemente, ao acaso), os autores garantem, não é uma questão de sorte. Tem muito mais a ver com percepção, com olhar em volta, em observar e saber transformar eventos ocasionais em oportunidades reais.
Ahhhh… claro, na minha trajetória, tenho um bom exemplo sobre ter experimentado esse princípio. Na época em que atendíamos a um público de faixa etária infanto-juvenil, eu notava que muitas mães e avós deles sempre se mostravam reconhecidas com o tratamento personalizado que oferecíamos, eram nossas ‘fãs’. Eu passei a notar essas mulheres e seus comportamentos mais de perto… Elas tinham tempo – muito tempo. Levavam as crianças e ficavam ali sentadas, fazendo nada, só esperando por eles, durante de 3h/semana; elas também valorizavam cultura, gostavam de viajar e tinham uma boa renda mensal. Pronto! Eu tinha identificado um nicho e assim surgiu o nosso curso Senior Class & Café – um curso de inglês para adultos com mais de 50 anos. Em 90 minutos semanais, passamos a oferecer aulas de inglês e socialização, misturando gramática e exercícios com bate-papo e lanches que incluíam um cafezinho ou taças de espumante. Bem, como uma coisa puxa a outra, com o curso consolidado e o relacionamento com as ‘meninas’ bastante próximo, veio a ideia de oferecermos um pacote de Turismo Acadêmico e Cultural a países de língua inglesa. Para resumir essa história, desde 2010 e até hoje, já rodamos os Estados Unidos de leste a oeste, fomos à Inglaterra e à diversas cidades no Canadá. Sorte?? Não! Eu chamo isso de visão atrelada à boa dose de busca de diferenciação, cuidado, confiança e excelência na prestação de um serviço que, de secundário, passou a ser um cartão de visitas da nossa empresa.
O segundo princípio apresentado no livro e que quero abordar neste nosso papo de agora é o “Resiliência acima da Força”. Ele integra um capítulo em que os autores propõem aos leitores fazer as “pazes com o caos” ou aprenderem a “esperar pelo inesperado”. Aqui, o exemplo é clássico e pra lá de válido: é a história do junco e do carvalho. Dizem eles: “quando os ventos do furacão sopram, o carvalho (forte como o aço) se parte, enquanto o junco, flexível e resiliente, se verga para baixo e se alteia novamente quando a tempestade se vai. Na tentativa de resistir ao fracasso, o carvalho, ao contrário, o garante”. Bem, penso que esse princípio devia ser nosso mantra! Tantas vezes, na tentativa de evitar o caos, nos agarramos a processos rígidos, valorizamos a estrutura que já não funciona mais, paramos de investir. Desse jeito, o fim é certo. Apenas uma questão de tempo.
E, assim, me vem à mente o depoimento de Michel Jordan, ex-jogador de basquete, quando disse: “Errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos… Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E é exatamente por isso que sou um sucesso”. Me vem à mente, também, a ideia de olhar pela janela, observar a intensidade do azul do céu, respirar fundo e buscar inspiração para transformar o ordinário em algo efetivamente extraordinário. No caos, para sobreviver, a ordem é arregaçar as mangas e agir.
E vocês, de que forma vocês vêm navegando em tempos tão conturbados? Vou adorar saber!!
Até semana que vem!
